quinta-feira, 18 de abril de 2019

FEMeA 91

A morte mais recente (nos últimos 20 anos )de 3 rios perenes: Rio Doce. Guajiru e Mudo.A Bacia Hidrográfica do Rio Doce – BHRD localiza-se na porção leste do Estado do Rio Grande do Norte. É uma unidade geográfica que vem, ao longo do tempo, apresentando um processo de ocupação desordenada, em suas mais variadas formas. A diversidade de sistemas ambientais existentes faz dela uma área potencialmente vulnerável a impactos ambientais negativos. Nesse contexto, a presente tese teve como objetivo identificar e mapear as características geoambientais e as vulnerabilidades natural e ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Doce – RN, tendo como suporte operacional e metodológico as geotecnologias. Como resultado, propôs-se uma nova delimitação da BHRD, na qual houve um acréscimo de 2,29% da sua área total oficial, passando de 387,8 km² para 396,7 km². A caracterização geoambiental mostrou que a bacia vem sofrendo ações antrópicas que estão alterando a paisagem local, transformando áreas anteriormente consideradas “preservadas” em áreas impactadas, principalmente próximo aos grandes centros urbanos e nas nascentes dos rios do Mudo e Guajirú. Dentre as atividades mais impactantes, destacam-se: o cultivo sazonal, responsável pela retirada da vegetação natural, inclusive matas ciliares, para o cultivo de monoculturas e hortaliças no leito maior e menor dos rios Guajirú e do Mudo; a produção em áreas de assentamentos rurais e nas nascentes do rio Guajiru; o cultivo perene de coco, banana ecaju nos leitos dos rios perenes, próximo a Lagoa de Extremoz; a expansão urbana em direção ao Rio Mudo, nas proximidades da área urbana de Ceará – Mirim, às margens da Lagoa de Extremoz até a desembocadura e no Rio Guajirú, além dos povoados e distritos de Serrinha e Massaranduba e as zonas urbanas de Extremoz e Natal, e finalmente, a atividade mineradora, nas áreas onde afloraa formação geológica Suíte Intrusiva Dona Inês. O resultado dessas atividades na bacia se refletiu nos mapeamentos das vulnerabilidades natural e ambiental. Na vulnerabilidade natural, a bacia foi classificada como Medianamente Estável/Vulnerável, equivalente ao valor 2,1, nível 4, com forte tendência a Moderadamente Vulnerável. Isso se dá pela pressão exercida nas áreas urbanas localizadas mais a leste da bacia, que apresentamrochas sedimentares da Formação Barreiras e sedimentos Quaternários, com uma geomorfologia, solos e vegetação alterados pela ação antrópica, mas minimizado pela distribuição mais regular das chuvas. Já para a vulnerabilidade ambiental, os resultados mostraram que a baciaé Moderadamente Vulnerável, com valor 2,4, nível 2. Nesse caso, a influência das ações antrópicas fez com que esses valores chegassem a 2,7 em áreas urbanas, diminuindo em direção a porção oeste da bacia. Conclui-se que o atual estágio de uso e ocupação da bacia está chegando ao limite da sustentabilidade. Os resultados obtidos na presente tese apontam para a necessidade de elaboração de propostas que visem minimizar os impactos negativos gerados pela exploração dos recursos naturais ali existentes, permitindo alcançar a sustentabilidade socioambiental da bacia, mantendo o equilíbrio morfogênese/pedogênese, como demonstrado na análise das vulnerabilidades natural e ambiental.

Um comentário:

  1. Para quem não conhece o Rio Grande do Norte, existe a ponta da zona da mata NE que vai de Ceará Mirim á divisa BA/MG; a zona da mata RN tem menos de 3.000 km2, e já não há matas nativas da mata atlântica, com vestígios de mata preservada em Nísia floresta-RN; durante 400 anos essas terras foram desmatadas para o cultivo da monocultura da cana-de-açúcar, e no início do Século 20 existiam 4 usinas moendo cana, produzindo açúcar, melaço, e dezenas de engenhos produzindo rapadura, aguardente e mel bruto (mel de furo); o desmatamento da mata atlântica de 8.000m3 por hectare reduzido a 1.000m3 por hecatre com a cana de açúcar, que como se sabe desaparece no corte, na colheita todos os anos; essa área + o litoral somam 4.300 km2, e é hoje, a área mais densamente povoada do RN, e resta uma usina de cana-de-açúcar produzindo álcool em Goianinha - RN, e se ainda resta algum engenho de cana de açúcar é de pequeno porte produzindo rapadura. Em consequência o clima foi drasticamente alterado, inclusive a oferta média de chuvas de 2.200mm ao ano reduzida para 1.000l/m2 ao ano; nessa pequena área de zona da mata, dunas e litoral, de 4.300km2 existiam os únicos rios perenes do RN no início do Século XX que abasteciam mais de 40 lagoas (citadas apenas aquelas com capacidade maior que 5.000.000m3, a exemplo da lagoa de Extremoz), que são brejos de baixadas, que nunca secavam, água doce, potável; no relatório acima o autor cita a morte de 3 desses rios em torno da Lagoa de Extremoz - Guajiru, Doce e Mudo, e como se sabe, a lagoa de Extremoz além de altamente poluída sua água está ficando salgada; no RN não há qualquer movimento governamental, ou de instituição ambientalista para defender os nossos mananciais de água doce, incluindo os 6 rios perenes, mas, altamente poluídos que ainda restam. Não se pode defender o que não se conhece: 95% dos norte riograndenses, incluindo parte dos que habitam a região Metropolitana de Natal-RN desconhecem a existência desses rios, já que muitas vezes o rio passa na porta de suas casas para receberem lixo e esgotos humanos.

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