Explicando a dependência 52.
Terras de uma fazenda no sertão NE, vendo-se área desmatada inclusive na elevação (morro); estamos na subida da Serra de Santana, e dificilmente se vê uma área pouco acidentada como esta, e ainda, com muitas terras sem pedras, sem lajedos; a área foi desmatada há dezenas de anos, e vem sendo mantida nua durante esses anos, para ser usada como campo de pastagem do gado; é provável que em alguma época desse período as terras tenham sido usadas para o plantio de milho, feijão e algodão; todos os anos o proprietário prepara a terra para na época das chuvas o pasto nascer, alimento do gado, normalmente gado bovino; "preparar a terra" na cultura local é arrancar e queimar qualquer planta que o gado não come, principalmente arbustos e árvores; A terra não é plana, e ao mantê-la nua por tanto tempo a erosão vai arrancando o solo;, onde estariam as sementes do pasto; o fogo das coivaras, ano a ano, vai endurecendo o chão, impedindo a infiltração de água das chuvas, e impedindo o desenvolvimento de raízes do pasto; ao se manter por tanto tempo a nudez das áreas agricultáveis do sertão o solo transformado em areia vai sendo levado para assorear os açudes, os rios; Sabe-se, Hoje, que as plantas têm tudo a ver com o clima de um lugar; observando-se uma vegetação nativa conclui-se facilmente: 1) a ofertas de chuvas e disponibilidade de água doce durante o ano; 2) a espessura e fertilidade do solo; 3) o volume de massa vegetal, e até - 4) a fauna estabelecida no lugar; 5) as plantas controlam a umidade do ar e do chão; 6) controlam a direção e intensidade dos ventos; 7) com a respiração e transpiração a cobertura vegetal injeta umidade na atmosfera, participando da formação de nuvens; 8)a cobertura vegetal absorve o lixo da atmosfera, particularmente os derivados de carbono, e converte-o em oxigênio para a respiração aeróbica dos animais; 9) as plantas criam e mantém o solo orgânico mineral; 10) as plantas são o principal ELO da alimentação dos outros seres vivos, ou seja, a base do CICLO alimentar da vida na Terra, inclusive de si mesmas.Ao fazer o desmatamento para os campos de lavoura e de pastagem o agropecuarista nordestino queima tudo, transformando em carvão, cinzas, fumaça, fuligem; a Humanidade já tem tecnologia, maquinário para transformar, triturar essa massa orgânica vegetal em PÓ, incorporando-o, com o arado, ao solo; assim a terra não perderia nutrientes minerais, e ainda, todos os componentes orgânicos seriam decompostos por microrganismos e pequenos animais, no interior da terra, produzindo gases benéficos, húmus, adubação orgânica; assim, com essa incorporação de massa orgânica ao solo, volta à terra o que é da terra; melhora o arejamento da terra, facilita a infiltração e armazenamento da água das chuvas; facilita a infiltração das raízes das plantas, cria-se vida permanente.Ora, se o desmatamento é para a criação de lavoura e pasto do gado, alimentos da gente, tudo o que a gente come vem direta ou indiretamente do reino vegetal; a massa vegetal da lavoura de subsistência - milho, feijão, mandioca, jerimum, batata doce, e do capim (pasto do gado) tem ciclo muito curto - de 150 a 180 dias, de modo que a maior parte do ano a terra fica sem cobertura vegetal, nua, desprotegida; além de ser temporária no ambiente, essa massa vegetal é menos de 1% da massa vegetal nativa das plantas que foram arrancadas (e queimadas) para os campos de lavoura e pastagem, o que significa dizer que o clima vai ser alterado na mesma proporção; o Homem poderia (e deveria) plantar uma lavoura de longo ciclo, a exemplo das árvores frutíferas - cajueiro, mangueira, jaqueira, goiabeira, com o mesmo nível de massa vegetal da mata nativa; Assim pode-se dispor de uma massa de alimentos mais diversificado, nutritivamente completo para o Homem, sem alterar o ambiente, sem modificar o clima; Aliás, pode-se melhorar o clima de um lugar aumentando-se a massa vegetal co relação à massa vegetal nativa.
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