Haitianos estão pagando por saco de dejetos e ajudando a combater
doenças
AMELIA MARTYN-HEMPHILL
DA BBC BRASIL
12/04/2017 13h42
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Uma iniciativa encabeçada por mulheres no Haiti
está salvando vidas com dejetos humanos e, ao mesmo tempo, fertilizando o solo
a partir do esgoto.
Trata-se de vasos sanitários de compostagem seca.
Funciona assim: o interior da privada é preenchido com forragem de cana de
açúcar, que mantém os dejetos secos e evita o odor.
As famílias pagam US$ 3 (R$ 10) por mês para que os
dejetos sejam coletados duas vezes por semana. Os dejetos são, então,
encaminhados a um centro de tratamento, onde micróbios naturais e altas
temperaturas matam patógenos perigosos, transformando o esgoto em compostos
orgânicos que são vendidos a fazendeiros locais por US$ 6 (R$ 19) a sacola.
A ideia pode ajudar a solucionar a dura realidade
do país, um dos mais pobres do mundo, que não conta com um sistema de esgoto
canalizado.
A maioria dos haitianos não tem acesso a um
banheiro. Nadège Raphael, de 21 anos, é uma delas. "Tinha de ir ao
banheiro na frente de outras pessoas, algumas vezes na rua ou usando uma sacola
plástica", diz.
"Usar um vaso sanitário público ou fazer as necessidades ao ar livre não é
seguro. Por causa das condições insalubres, as mulheres contraem infecções e
ficam doentes", acrescenta.
Por que haitianos estão pagando por saco de dejetos
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BBC
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Depois de ver centenas de crianças de sua
comunidade morrerem de cólera, a parteira Madame Bois decidiu que algo deveria
ser feito. "Esse problema afeta a saúde de todo mundo aqui. Comecei a
falar sobre a necessidade de as pessoas terem o próprio banheiro em casa",
conta.
Ela, então, convenceu a ambientalista Sasha Kramer,
há 13 anos vivendo no Haiti, a envolver-se no projeto. Juntas, as duas
encontraram uma solução que não exigisse grande infraestrutura e que mantivesse
o esgoto longe da água.
"Não há esgoto no Haiti. Queríamos construir
um vaso sanitário para pessoas que não tivessem acesso confiável à água e à
eletricidade", diz Kramer. "É o Soil (sigla inglesa para
Subsistências Integradas Orgânicas Sustentáveis, nome do projeto). Algo que poderia
fazê-lo ficar doente se transformou em algo que deixa toda a população mais
saudável", completa.
"Ter acesso ao saneamento privado é um
problema de dignidade humana básica", conclui. Mas a ideia pode ser
replicada em larga escala? Diz Kramer: "Ainda não refinamos o modelo de
negócios. Estamos trabalhando para reduzir os custos". "Se todo mundo
tivesse vasos sanitários como esses, teríamos menos problemas de saúde",
afirma Bois.
"Aqui, o sonho já se tornou realidade para nós
e vamos continuar a seguir em frente", acrescenta.
De fato e de direito os
excrementos do corpo animal do Homem são elos do Ciclo Alimentar, ou
nutricional da vida na Terra; porém a melhor ideia para se armazenar
excrementos, á céu aberto (no campo) sem odor, sem atrair insetos, e ainda
mantendo as características físicas e biológicas, com água e gases, é colocar
carbonato de cálcio, CAL virgem, sobre as fezes, 10% do volume de fezes,
lembrando que a CAL tem cálcio, macro nutriente das plantas e dos animais, além de corrigir a acidez dos solos.
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