segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Bioma desconhecido e confuso no NEBR

Dia do Cerrado traz alerta sobre o bioma 'esquecido' do Brasil

Ecossistema é o que mais sofre com o desmatamento no país, mas ainda assim é pouco monitorado e protegido

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Pôr do sol no Mato Grosso do Sul: Cerrado é lar de aproximadamente 30% da biodiversidade do país - André Coelho / André Coelho
RIO - Segundo maior bioma do Brasil, cobrindo uma área que originalmente ultrapassava os 2 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de um quinto do território nacional, o Cerrado também é o segundo mais degradado do país. Mas mesmo tendo perdido cerca de 60% de sua cobertura original, em especial nas últimas décadas devido ao avanço da agricultura, o Cerrado ainda é muito pouco monitorado, e menos protegido, do que a grandiosa, e icônica, Amazônia, e a agonizante, e recordista em degradação, Mata Atlântica.
Um exemplo disso é que apenas recentemente o Ministério do Meio Ambiente (MMA) começou a divulgar, ainda que timidamente, números sobre o desmatamento no Cerrado nos moldes que faz com a Amazônia há quase 30 anos por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). E os primeiros resultados deste “Prodes do Cerrado” não são nada bons. Segundo os dados do MMA, em 2015, último ano para o qual há informações dos dois biomas, enquanto a área desmatada na Amazônia ficou em cerca de 6,2 mil quilômetros quadrados, no Cerrado a destruição foi mais de 50% superior, beirando os 9,5 mil quilômetros quadrados.
— Na assinatura da Constituição da 1988, a Mata Atlântica, a Amazônia e o Pantanal foram decretados patrimônios naturais. O Cerrado foi excluído, e há um projeto de lei que tramita há 25 anos para que o bioma consiga a mesma classificação — lembra Júlio César Sampaio, Coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil. — Muitas pessoas acreditam que esta é uma localidade pobre, formada apenas por mato e árvores retorcidas, mas 30% da biodiversidade brasileira está no Cerrado.
Assim, é sob a “sombra” dos outros biomas brasileiros mais “famosos” que diversas organizações ambientalistas estão aproveitando esta segunda-feira, Dia Nacional do Cerrado, para alertar sobre as crescentes ameaças que ele enfrenta e a necessidade de agir rápido para proteger o que resta do Cerrado.
— Acho apropriado dizer que o Cerrado é o principal “bioma esquecido” do Brasil — considera Rodrigo Medeiros, vice-presidente da Conservação Internacional (CI) no país. — Infelizmente, os números do desmatamento e da destruição do Cerrado são muito maiores do que os da Amazônia, e o descaso é a principal parte deste processo. Nunca se deu a devida atenção ao Cerrado como se dá para a Amazônia ou a Mata Atlântica.
Projeto para desenvolvimento do ‘Matopiba’
Segundo Medeiros, a maior preocupação agora é com o avanço da fronteira agrícola pelo chamado “Matopiba”, região na confluência dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (daí o nome), e justamente onde restam os maiores remanescente contíguos do Cerrado. E foi pensando nisso que a CI, em conjunto com o Fundo Mundial para o Meio Ambiente a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e outras instituições lançaram na semana passada, na sede da ONU em Nova York, projeto que pretende reduzir ao máximo o impacto deste avanço sobre o bioma.
Com um investimento inicial de US$ 6 milhões (cerca de R$ 19 milhões) e intenção de levantar outros US$ 20 milhões em financiamentos, o chamado GEF-Matopiba vai trabalhar para promover o desenvolvimento sustentável na região, mostrando aos produtores rurais que é possível expandir a agropecuária sem necessariamente desmatar a partir da melhor utilização de áreas já degradadas ocupadas por atividades de baixa produtividade. Ainda de acordo com Medeiros, a meta final, “ambiciosa”, é assegurar a preservação de 40% das áreas remanescentes de Cerrado na região, num mistura de unidades de conservação, reforço das terras indígenas e o estabelecimento de áreas de proteção permanente e reservas legais no contexto do atual Código Florestal brasileiro. Hoje, apenas cerca de 7% do Cerrado contam com este tipo de proteção.
— Não podemos deixar acontecer no Matopiba o que aconteceu com o resto do Cerrado — conclui Medeiros. — É preciso fazer alguma coisa para proteger o Cerrado, pois a velocidade com que a destruição ainda avança sobre ele é estarrecedora. E para isso é preciso que governo, sociedade, setor privado, organizações ambientais e instituições internacionais trabalhem de forma coordenada para atingir este objetivo.


Leia mais: https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/dia-do-cerrado-traz-alerta-sobre-bioma-esquecido-do-brasil-21803021#ixzz4sOQXzz00 
stest 

Um comentário:

  1. A sub região chamada de agreste, entre a zona da mata e o sertão NE, do RN a BA, com 50.000 km² é terreno e vegetação típicos de CERRADO, e mais 70.000 km2 No sertão NE, o verdadeiro CERRADO brasileiro.

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