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A árvore da fotografia tem um caule (tronco) com 1,1m de diâmetro, seu corpo tem uma massa vegetal superior a 5 m³, está no agreste semiárido do RN; verde, exuberante no meio de plantas desfolhadas, em janeiro de 2.013, quando até o juazeiro está com as folhas amareladas, as leguminosas como a jurema, catingueira, angico liberaram as folhas para diminuir a dependência de água (das chuvas, que é pouca); O umbuzeiro que dispõe de recursos para armazenar muita água nas suas raízes, também liberou as folhas; enquanto isto a árvore em foco liberou as folhas, naturalmente por caducidade, e está revestida de folhas novas, verdes, contrastando com o ambiente seco. É muito importante buscarmos uma explicação científica para esse fenômeno, que nos sirva de lição, exemplo de adaptabilidade da vida ás condições ambientais; costumamos dizer que a flora e, consequentemente a fauna, escolhem o lugar para nascer e viver de acordo com os 4 elementos da Natureza e suas variáveis atmosféricas, mas a adaptabilidade desta árvore é diferente e foge a esta regra natural. Como acontece com todos os seres vivos as plantas necessitam de água todos os dias de suas vidas; as plantas do agreste RN estão adaptadas a uma oferta de chuvas de 500 L/m² em estação chuvosa maior que 100 dias, o que lhe garante 200 dias com umidade no terreno, junto às raízes, restando 165 dias do ano para a planta empregar mecanismos de adaptabilidade á escassez ou ausência de umidade; a planta colhe a água pelas raízes, mas seu metabolismo depende também de gases e água no estado gasoso da atmosfera, e de luz solar; a flora no NEBR e privilegiada com a disponibilidade de luz solar, gases atmosféricos, mas a umidade do AR é baixa. Uma massa vegetal (da árvore) com 5m³ necessita de 25 litros de água DOCE por dia, 65% da árvore se constitui de água, cerca de 3,25 m³ de água no seu corpo; nos 200 dias de solo úmido (junto ás raízes que chegam a 10m de extensão, 2 ou 3 m de profundidade) essa árvore utiliza 5.000 litros de água; a área do terreno ocupado pelas raízes (enterradas) é maior que 100m², ocupando um volume de solo (com suas raízes)maior que 100m³; Em 2.011 a área recebeu 1.000L/m² de água das chuvas, e se a infiltração (drenagem) dessa água (facilitada pelas raízes da árvore) foi de 20% da chuva precipitada em 5 meses - 20% de 100.000 litros é 20.000 litros, 20m³ de água, 4 vezes o volume de massa vegetal da árvore, o que significa dizer a árvore teria expelido (e ainda manter os 5 m³ de água no corpo) 15m³ de água, em forma de transpiração e respiração (expiração), água lançada na atmosfera; Em 2.012 a área recebeu 180mm de chuvas, com chuvas bem distanciadas, não umedecendo o solo suficiente para que houvesse infiltração de água das chuvas até atingir a "coifa" da raízes, a um metro de profundidade, de modo que a árvore não foi atendida nas suas necessidades básicas de água; provavelmente tem recursos para absorver água das chuvas e do AR atmosférico (mais no sereno da noite) por intermédio dos estômatos da folhas e nos poros da epiderme do caule e galhos, e tem recursos para reduzir a evaporação, por conta do Sol intenso de verão e dos ventos secos de água do corpo. Na postagem a seguir vamos mostrar que embora esses recursos de condicionamento à escassez de água sejam possíveis, na realidade a árvore nos deu uma grande lição para se viver bem (e não sobreviver) no semiárido nordestino independentemente se o volume de chuvas é menor do que a média de 400 L/m².
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