3 milhões de litros para matar a sede do Nordeste
Por Márcio Silva
A região semiárida mais populosa do mundo, uma população que convive com um problema secular, a escassez hídrica, ao longo da história tem deixado um rastro de vítimas tão numeroso quanto outros fenômenos meteorológicos, a exemplo da barbárie retratada no livro “O Genocídio do Nordeste 1979 – 1983” que emoldura o quadro de 3 milhões de vidas perdidas. Daqueles tempos para cá, a cada evento de estiagem severa, multiplicavam-se os anúncios de vastas somas do erário público na intenção de prover condições mínimas de sobrevivência para quem vive ou tenta viver a mercê da vulnerabilidade climática da região, serviços de primeira necessidade em vez de suprir as mesmas foram base para o desenvolvimento da famigerada indústria da seca, provedor de votos e garantia de reeleição de nomes que visam apenas o poder sobre um determinado grupo o subjugando e impondo suas esmolas trajadas de grandes feitos para uma população tão necessitada.
Com grupos desenvolvendo discussão sobre os problemas, preocupados em apontar supostos culpados em detrimento de prover soluções plausíveis e realistas, o que esperar de uma sociedade induzida a um pensamento coletivo aceita as limitações impostas tal como grilhões que jamais podem ser rompidos? Como desenvolver uma corrente de pensamento que vá em contramão da compreensão coletiva? Como despertar os idealistas e pensadores a abraçar o desconhecido, o imaginável?
Desse meandro foi concebida a proposta de trazer água da bacia amazônica, para suprir as demandas da região e ser tornar um marco histórico, para um cenário onde nenhum cidadão voltará a sofrer devido à carência hídrica já encrustada na cultura popular cantada e declamada pelos seus ilustres poetas do repente. O projeto propõe a adução de 0,5 % da vazão do grande rio Amazonas nas proximidades de sua foz e transferir para o interior do Nordeste, distribuindo para as mais diversas sub-regiões a fim de: garantir a perenização de inúmeros rios sertanejos, regularizar volume de reservatórios, viabilizar expansão e implantação de perímetros irrigados, bem como incentivo a atividade industrial ainda tímida na região, devido principalmente a sua vulnerabilidade no tocante aos recursos hídricos disponíveis.
A ousadia do traçado proposto, impõe repensar conceitos, desenvolver métodos e mecanismos que garantam sua real eficácia e o cumprimento de seu objetivo, pois, obra dessa magnitude requer os mais capacitados profissionais se debruçarem nas soluções para os impactos sociais, ambientais e econômicos, ainda sim estes serão modestos se comparado a explosão econômica esperada que facilmente subsidiará as compensações necessárias previstas no projeto, superado essa fase, caberá a adoção de gestão eficiente do recurso disponível, antes escasso, para que atenda a população de modo geral em suas mais diversas atividades econômicas, resgatando uma máxima que diz: “Onde tem água tem gente, onde tem gente tem comércio.” É notório que desde os primórdios as sociedades se desenvolveram nas proximidades de fontes de água.
São 4.428,08 km de uma rede adutora se espalhando por 10 estados e 170 municípios, deste tramo principal derivará inúmeras outras redes, visto que 87,31% do trecho usa apenas a gravidade o que implica positivamente nos custos de manutenção e operação. O trecho mais desafiador de todo o sistema é entre a captação na vila Beja Abaetetuba – BA e o lago de Sobradinho na BA, são 1.694 km superando um desnível total de 528 m, felizmente 75,86% deste usa apenas a gravidade, a garantia do suprimento hídrico do Nordeste passa pela manutenção de seu principal rio, o São Francisco e seu opulente peso estratégico tanto para geração de energia, como na operação dos canais do PISF, acrescido quando for conveniente com 1045 m³ propostos ou compartilhar com o restante do sistema frente a demanda no momento e eventuais particularidades.
Dada as limitações tecnológicas e instrumentais na sua concepção, a simples conclusão dessa fase por si só já é motivo de comemoração, criatividade a luz do conhecimento científico visando o bem comum traz resultados positivos para a sociedade, cabe agora o bom senso despido de qualquer interesse que não pactue contra o progresso e o bem-estar social possa endossar e ampliar o diálogo com as partes interessadas visando como objetivo a definitiva solução para o problema da escassez hídrica no Nordeste Brasileiro.
Por que será que quando se trata da seca cultural nordestina os brasileiros sempre procuram dificultar a solução, ou tentam potencializar o problema? É lógico: o OME é o problema; esses indivíduos pode até ser bem intencionados, no caso, mas quando são tentados a equacionar a seca intelectual nordestina vem cada ideia-lixo que parece que foi planejada por um alienígena; sei que sei.
ResponderExcluir3 milhões de litros para matar a sede do NE é uma brincadeira sem futuro; não parece muito deferente das 4 máquinas que o atual ministro de ciência e tecnologia trouxe de Israel para tirar água do Ar, ou a ideia de dessalinizar a água do Mar para levar para o sertão a 500km de distância; parem com isso; os cientistas br estão subestimando a inteligência de outros povos que sabem que Somos o país da água doce e das chuvas.
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