‘’ Do ano 1550 ao ano 1600, os primeiros povoadores da América do Sul pertencem à Espanha e ao sul de Portugal, ou seja, à parte fortemente orientalizada e arabizada da Espanha e de Portugal.''
-DEBBANÉ, Nicolas J. Au Brésil, L’influence arabe dans la formation historique, la litterature et la civilisation du peuple brésilien, Le Caire, 1911.
“E já da sociedade moçárabe escrevera Alexandre Herculano: “População indecisa no meio dos dois bandos contendores [nazarenos e maometanos], meia cristã, meia sarracena, e que em ambos contava parentes, amigos, simpatias de crenças ou de costumes”.(...) Vindos para o Brasil, os descendentes de moçárabes e de mouros cristianizados, Debbané acha que até prisioneiros de guerra nas campanhas de Marrocos e mouriscos expulsos em 1610, já não viriam diretos da servidão da gleba, mas do serviço de poderosos e das ocupações urbanas a que muitos se acolheram para escapar às leis de D. Fernando. Outros, do trabalho livre de lavoura em terra de coito. Ainda outros, dos ofícios úteis de sapateiro e alfaiate. Nas cidades e nos povoados, muitos teriam chegado ao século XVI já engrandecidos, econômica e socialmente, pelo comércio de peles de coelho e pelo exercício da arte não só de sapateiro ou de alfaiate como de ferreiro e peleteiro. Mas alguns estariam ainda lutando com dificuldades; ansiosos por uma oportunidade de melhorarem de vida.
(...)
Mas o ponto a destacar é a presença, não esporádica porém farta, de descendentes de moçárabes, de representantes da plebe enérgica e criadora, entre os povoadores e primeiros colonizadores do Brasil. Através desse elemento moçárabe é que tantos traços de cultura moura e mourisca se transmitiram ao Brasil. Traços de cultura moral e material.’’
- FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala.
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