Rachadura. Obras recuperam açude Castanhão
A rachadura descoberta na parede do açude Castanhão foi assunto em muitas rodas de conversa de moradores do Vale Jaguaribano. Media mais de 25 metros de altura e aparecia pelo lado de dentro da barragem. Assustava. Mesmo com o reservatório sem tanta água, após anos seguidos de seca, as populações imaginavam possíveis inundações se o problema se agravasse. Risco que, para os engenheiros do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), nunca foi cogitado.
Por via das dúvidas, o serviço de selagem da trinca foi concluído em abril deste ano e, em mais 60 dias, será finalizado um trabalho mais completo de recuperação e modernização do Castanhão, iniciado em janeiro. A partir do primeiro semestre de 2018, se o calendário de obras federais da transposição for mantido, o reservatório é o principal destino no Ceará para as águas que chegarão do rio São Francisco. No mapa hídrico estadual, sem o cenário da grave crise atual, o Castanhão é o principal fornecedor de água para Fortaleza.
“Hoje, o Castanhão já estaria pronto para receber essa água”, afirma o diretor-geral do Dnocs, Ângelo Guerra. A atualização do açude ainda inclui serviços nos taludes, comportas, tubulações, válvulas aspersoras, superfícies da barragem, estruturas hidráulicas e eletromecânicas, lubrificações, novos sistemas de automação para monitoramento. As estradas de acesso no entorno, hoje de piçarra, estão sendo asfaltadas.
O reparo na trinca foi logo o primeiro serviço executado, segundo Guerra. Possível justamente por causa do baixo volume de água atual - pouco mais de 5% da capacidade. Tecnicamente, ele explica que a rachadura não surgiu por erro de projeto, mas de reacomodação do concreto - que teria sido causado, entre alguns fatores, por temperatura ou descontinuidade na fundação. Guerra também negou que a trinca decorra de supostos tremores de terra. “Não ameaçava a estabilidade da barragem”, disse o diretor. Outros 22 açudes Até agosto, segundo o engenheiro José Augusto Tostes, assessor da Diretoria de Infraestrutura Hídrica do Dnocs, o trabalho será concluído e o Castanhão passa a ser considerado 100% apto para o projeto da transposição. “Hoje está em 70%”, confirma. Outras 22 barragens já existentes também serão recuperadas nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, no percurso da transposição. A verba federal, orçada pelo Ministério da Integração Nacional, chega a R$ 318,7 milhões.
Os outros cinco reservatórios do Ceará a serem adaptados para o São Francisco serão Lima Campos (em Icó), Quixabinha (Mauriti), Orós (Orós), Banabuiú (Banabuiú) e Prazeres (Barro), mas nenhum teve a obra iniciada. Só para as barragens cearenses serão aplicados R$ 106 milhões.
Saiba mais
Carta ao ministro Em ofício enviado ao ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, em janeiro deste ano, a Associação dos Servidores do Dnocs reivindica para o órgão a transferência da gestão das águas do Programa de Integração do São Francisco (Pisf). Hoje é a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) que está oficialmente nomeada para gerir as águas da transposição. “A infraestrutura toda pronta, vamos assumir a operação do Pisf. A Codevasf opera grandes canais de irrigação, já tem sua expertise nisso”, disse a presidente da Codevasf, Kênia Marcelino. “(O Dnocs) É a instituição mais indicada para ser a operadora federal do Pisf”, diz o documento, referindo-se ao projeto. O ofício elenca obras no histórico do Dnocs para atestar a expertise do órgão. Como contraponto, o órgão sofre com a falta de pessoal. Só na penúltima semana, 12 aposentadorias foram assinadas pela diretoria-geral. O órgão hoje tem 1.800 funcionários para atender nove Estados do Nordeste e parte de Minas Gerais .
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