Água para Fortaleza. "A gente não vai contar com o Castanhão"
Especial: O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, confirma que a reserva na bacia metropolitana e outras soluções deverão atender demanda de água na Capital em 2017
O POVO - A Secretaria trabalha simulando cenários hídricos com até um ano e meio ou dois anos de antecipação. Qual a perspectiva hoje?
Francisco Teixeira -Simulação da Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos) mostram que temos a água, trabalhando dessa forma que a gente vem fazendo, buscando economizar cada vez mais, continuando com a tarifa de contingência e com todo o trabalho da sociedade para economizar o máximo possível. Já estamos no quarto nível de economia de água. A gente tinha uma curva de consumo por residência lá em cima em 2014, baixou em 2015, 2016 e mais ainda nestes primeiros meses de 2017.
OP - Qual é o nível atual?
Teixeira - Era 14 m³. Estamos em pouco mais de dez, entre dez e 11m³/mês por ligação. Continuando nesse nível e buscando economizar até mais um pouco, a gente consegue chegar no segundo semestre, setembro de 2018. Mesmo que tenha pouca chuva. Que seja seca, por exemplo, no primeiro semestre de 2018. Mas qualquer chuva mais dentro da média no primeiro semestre de 2018 faz a gente chegar no próximo ano e em 2019 sem precisar do Projeto de Integração do São Francisco. Com a notícia que a obra (da transposição) está voltando e que poderá ficar concluída pelo menos a parte interna dos canais, pra trazer água para o Ceará em seis ou sete meses, a gente poderá ter a água do São Francisco chegando aí em janeiro, fevereiro, março. Já com o solo dos rios mais encharcados, o que facilita a chegada dessa água. Porque perde menos. Então acho que há melhora em expectativa de garantia hídrica, mas sem perder de vista todo o controle que temos hoje. Não pode arrefecer um milímetro. OP -Qual foi a reserva que se conseguiu fazer com as chuvas deste ano?
Teixeira - Quase 30 milhões (de metros cúbicos), 27 milhões. Quase um açude do tamanho do Gavião (Bacia Metropolitana). O açude Banabuiú está seco, não solta aquela água que flui à jusante (parte externa da barragem), fruto da chuva que cai e gera uma vazão, que iria para dentro do (rio) Jaguaribe e para o mar. A gente, então, capta lá em Morada Nova, através da estação que o Dnocs nos cedeu. Estamos dando uma melhorada lá, a gente joga essa água dentro do Eixão das Águas e traz para Fortaleza. O Jaguaribe, mesmo com o Castanhão fechado, a chuva que cai naquela região, na área não controlada abaixo do Castanhão e que tende a ir para o mar, a gente capta lá em Itaiçaba pelo Canal do Trabalhador e traz para Fortaleza. O rio Jaguaribe, no Baixo Jaguaribe, e o Banabuiú praticamente não correram, não fluíram. Este ano, a gente começou em fevereiro, março, abril e um pouquinho de maio, em alguns dias a gente ainda bombeava. E conseguimos bombear uns 27 milhões de m³. Trazendo para Fortaleza uma água que seria perdida.
OP - Para a perda que o Castanhão já começou a ter de novo, como vão tentar conter o problema e buscar novas fontes?
Teixeira - O Castanhão, a gente não vai contar com ele este ano para o abastecimento de Fortaleza. Ele vai ter alguma vazão, vamos ver o quanto poderemos trazer. Se chega um metro, um metro e pouco de metros cúbicos por segundo. O Castanhão realmente vai chegar muito exaurido na próxima estação chuvosa (fevereiro-maio de 2018). Pretendemos que ele tenha água ainda, mesmo que não chova no próximo ano, até o segundo semestre de 2018. A ideia é que ele chegue pelo menos com 100 milhões de m³ (hoje está com 352 milhões de m³, o equivalente a 5,2%). E vamos esperar a estação chuvosa. Para compensar essa perda de água do Castanhão, é usar o sistema metropolitano, onde tivemos chuvas mais generosas. Ainda estamos com 48% da capacidade. Vamos usar essa água com muita parcimônia e buscar diversificação de fontes. Extrair mais água subterrânea ali no Pecém (com escavações nas dunas locais). A ideia é tornar o Pecém autônomo até o próximo ano em tempos de água. Usando água subterrânea e a captação do sistema Cauípe. Tivemos aquela lagoa sangrando durante alguns meses. Nesse primeiro semestre poderíamos estar extraindo parte dessa água, que foi para o mar. Mais poços em Fortaleza feitos pela própria população nos condomínios, empresas, equipamentos públicos, para, diversificando essas fontes, que assegure essa água. No Interior, continuar construindo poços nos centros urbanos e, quando for possível, adutoras de montagem rápida.
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