sábado, 13 de julho de 2024

22826

 No Cariri; Damião Medeiros

Em Versos do cancioneiro nordestino: "enquanto a minha vaquinha tiver o couro e o osso e puder com o chocalho pendurado no pescoço, vou ficando por aqui, que Deus do Céu me ajude; quem foge a terra Natal, em outro canto não para; só deixo o meu Cariri no último Pau-de-arara; a terra aqui só é ruim quando não chove no chão mas, mas se chover dá de tudo, fartura tem de porção, tomara meu Deus, que chova, tomara meu Deus, tomara; só deixo e meu Cariri no último pau-de-arara.... esse trecho de uma canção nordestina parece promover o sofrimento, masoquismo; esse lamento da má sorte, misturado com Deus aparece em todos os trabalhos literários de nordestinos, como Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto; O Quinze de Raquel de Queiroz, vozes da seca de Patativa do Assaré, uma imagem temporária, ocasional de estiagem e miséria caiu na cultura e mentalidade do Nordestino como um prego que não permite a Região NE se soltar, se desvencilhar dessa desgraça, a ponto de criar no Nordestino complexo de vira-latas; nunca choveu menos de 300mm/ano no semiárido, enquanto em 2/3 do NE, restante, nunca choveu menos de 600mm/ano; O Cariri, região que aparece no CE/PI/PB/PE nunca choveu menos de 400mm/ano, e tem uma infinidade de brejos de altitude que nunca secam, onde se planta até cana-de-açúcar que exige muita água doce; sou ex flagelado da seca em 1.951/53/58 com 300 a 500mm de chuvas, ANO, no RN, onde na zona da mata RN tem cerca de 12 grandes lagoas de água doce que nunca secam. Conclusão: a seca não é física, mas intelectual; Dou Fé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário