22536 - ninguém conhece mais a seca que um ex-flagelado.

 

Casa da fazenda desapropriada por bancos estatais para o assentamento Santa Maria, em Santana do Matos-RN, aonde cerca de 30 famílias sobrevivem em estado de penúria; vamos fazer uma pequena explanação sobre a aquisição dessas fazendas improdutivas há dezenas de anos, no meio da caatinga, onde o solo morto, seco  representa menos de 10% da área; os  pequenos açudes passam até 3 anos seguidos sem tomar água - os açudes no semiárido só tomam água se a oferta de chuvas for maior que 300mm, e só enchem (e sangram) se a oferta de chuvas for maior que 600L/ m²/ano; a evaporação de água de superfície (do açude) é altíssima - 11L/m²/dia, significa que nos 300 dias de verão, por ano, a evaporação é 300x11=3.300 litros por metro quadrado da superfície, ou sejam, a perda de uma lâmina de água de 3,3m metros de espessura, profundidade que poucos açudes tem. Para que essas propriedades, fazendas,sejam adquiridos, pelo governo (e bancos) para o assentamento, é preciso que o proprietário, fazendeiro, tenha influência política, normalmente um(a) prefeito(a) ou deputado estadual na família, amigos, para: 1) incluir a propriedade no plano do governo para os assentamentos; 2) dar muita propina ao avalista do banco financiador, ou do INCRA para produzir um relatório sobre as benfeitorias que NÃO existem; a disponibilidade e água (açudes vazios, poços tubulares com água salgada) para os assentados produzirem agricultura e criar gado (finalidade de um assentamento rural), tudo baseado na mentira, falcatrua; os governos, igualmente irresponsáveis, corruptos, depravados dão o aval para o financiamento da propriedade, e joga o Homem  nesse ambiente hostil, inóspito, iludido por ter recebido um pedaço de terra, uma casa nova com energia elétrica, e as vezes o assentamento tem água encanada que vem de açudes, como é o caso do açude Armando Ribeiro Gonçalves no rio Açu-RN, que abastece 60% do RN; mas o Homem não tem renda para pagar 12 reais/mês pela água-lixo que recebe, e 8 reais pelo consumo de luz, ficando inadimplente, tendo esses serviços cortados.