terça-feira, 18 de outubro de 2016


O Castanhão, maior açude do Ceará, chegou a 5,9% da sua capacidade. No momento, os 153 açudes monitorados pela Cogerh somam 8,3% da capacidade de armazenamento, o que torna a situação de abastecimento crítica ( Foto: Honório Barbosa )
Iguatu. O Ceará enfrenta uma situação gravíssima de perda de recursos hídricos após cinco anos seguidos de precipitações pluviométricas abaixo da média. A próxima quadra chuvosa vai ser decisiva para o colapso ou não nos sistemas de abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza RMF) e das cidades do Interior.
Num momento como esse, qualquer perspectiva otimista é animadora. Nos últimos dois dias, alguns meios de comunicação da região Sudeste divulgaram informações, com base em estudos norte-americanos e do Climatempo, de que o fenômeno meteorológico La Niña estaria se configurando e seria favorável à ocorrência de boas chuvas na região Nordeste no primeiro semestre de 2017.
Neutralidade
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, esclarece, entretanto, que o cenário atual não é bem assim. "Fala-se muito no La Niña, mas esse fenômeno ainda está na forma mínima, quase neutro", observou. "Pode se intensificar até dezembro, janeiro, e, infelizmente, quando mais precisaríamos dele em fevereiro, março, a previsão atual mostra que há 60% para que esteja reduzido ou possa não existir mais", acrescentou.
O La Niña pode favorecer a ocorrência de chuvas durante a quadra chuvosa no Ceará (fevereiro a maio). Caracteriza-se por apresentar temperatura abaixo da média esperada para o período nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. É o inverso do El Niño, que ocorreu no primeiro semestre deste ano: temperaturas superficiais mais elevadas e escassez de chuva no sertão nordestino.
O meteorologista da Funceme esclarece, entretanto, que é preciso dar tempo ao tempo. O Hemisfério Sul entrou na primavera, o sol passou pela linha do Equador e, em dezembro, estará mais ao Sul, iniciando o verão. No Hemisfério Norte vai ocorrer o inverso. Chegará em dezembro o inverno.
Esse período tem íntima relação com a ocorrência de chuvas no sertão nordestino. Em janeiro, a pré-estação, e de fevereiro a maio, ocorre a quadra chuvosa, para o sertanejo denominado de inverno. "Precisamos aguardar até dezembro, janeiro para termos uma definição melhor das possibilidades", sentencia.
A passagem do sol aquece as águas superficiais dos oceanos. O cenário favorável para a verificação de uma elevada pluviometria no Ceará é quando as águas superficiais do Oceano Atlântico Sul estão mais aquecidas do que as do Atlântico Norte. "A formação de nuvens de chuvas ocorre nas áreas mais aquecidas. O La Niña é importante, mas é como uma atriz coadjuvante porque o que mais influencia nas nossas chuvas é a temperatura do Oceano Atlântico", exemplifica.
No momento atual, o quadro é de neutralidade, ou seja, as probabilidades são iguais para termos uma quadra chuvosa dentro da média, acima ou abaixo. "Pelo menos, até agora, temos previsão de que o La Niña não vai ajudar", disse Fritz. E o pior pode ocorrer. Já há estudos que indicam a volta de El Niño para o primeiro semestre de 2018.
Situação gravíssima
"A situação é gravíssima". A afirmação foi feita pelo assessor da presidência da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima, durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, na semana passada, nesta cidade. "Vamos intensificar a perfuração de poços profundos na Capital e no Interior", afirmou.
As reservas hídricas estão se exaurindo e com a perda dos recursos hídricos dos açudes, as adutoras deixarão de funcionar, assim como secam as fontes de captação de água para milhares de carros-pipa. O que resta é a busca por água no subsolo, uma vez que as obras de transposição das Águas do Rio São Francisco estão atrasadas e não devem ser concluídas como se previa, no primeiro semestre de 2017.
Para Fritz, os modelos meteorológicos norte-americanos não são muito confiáveis porque estão distantes do período da quadra chuvosa. "Há um elevado grau de imprevisão", observou. Segundo Fritz, o Climatempo seguiu esses dados, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mantém parceria com a Funceme e está alinhado com a previsão atual de que o La Niña tende a ser mais fraco do que se esperava há três meses.

2 comentários:

  1. A tecnologia do Homem no campo da meteorologia parece jogo de sorte ou azar, onde os jogadores, viciados, investem na esperança de ganhar, porém se perde mais do que se ganha; nos últimos 60 dias dezenas de publicações sobre a probabilidade de 70% de o fenômeno La ñina atuar em 2.017; para 800.000 km² do NE La ñina traz um aumento na oferta de chuvas, de média de 500mm para 1.000mm; enquanto isto em 1.600.000 km² das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte da região Norte, a La ñina reduz a oferta de chuvas de 2.000 para 1.000mm ao ano; vendo-se o Brasil como um todo, La ñina é prejudicial, já que essas regiões são produtoras de alimentos com 2.000mm de chuvas; com 1.000mm é SECA; nessas regiões estão as grandes bacias hidrográficas que privilegiam o BR como país da água doce (junto com a bacia do Amazonas); no caso da parte do NE que seria beneficiada, mesmo sem La ñina, em 2.017 a média de chuvas pode ser maior que 500mm por conta da mudança de temperatura (sem relação com La ñina) da água do nosso O. Atlântico. 500mm de chuvas é a média máxima da classificação de semiárido; Mas tem outro "quesito" decisivo nessa oferta de chuvas: a estação chuvosa do semiárido é normalmente de janeiro a junho; se a La ñina, e/ou a mudança da temperatura da água (citada na reportagem em pauta) acontecer fora desse período não trazem qualquer benefício, e o semiárido pode receber média de 300mm de chuvas, como em 2.012, 2.013, 2.014, 2.015, 2.016, mais um ano de seca NE; para nós dsoriedem.blogspot.com 300mm de chuvas = 300L de água por m², um dilúvio; com 30% de água captada e armazenada, racionalmente, não haveria seca.

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  2. É triste, desanimador para nós dsoriedem.blogspot.com que fazemos Educação Ambiental Científica verificar, no texto acima, a visão distorcida da comunidade científica com relação ás chuvas como única fonte de água DOCE no NEBR; sempre a ideia do carro pipa, do poço tubular como forma de amenizar o problema; ora, na postagem acima os açudes no CE estão secos; de acordo com o meteorologista CE a La ñina não é certa; o carro pipa coleta água dos açudes; mesmo que chova 500mm em 2.017 os açudes não tomam água; para que carro pipa? Outra incongruência científica é a perfuração de poços tubulares, como forma de suprir a deficiência de água; em 80% do Território do CE se tiver água subterrânea até 200m de profundidade é SALMOURA incompatível com a vida nas terras emersas; e abaixo de 200m de profundidade se tiver água é milagre, e não lógica; mas pode ter petróleo (que o CE ainda não revelou); os doutores e técnicos envolvidos com os problemas da seca NE estudaram o assunto na Cartilha do Samba do crioulo doido; captar e armazenar água das chuvas em reservatórios á céu aberto - açudes, barragens, barreiros com até 400mmm de chuvas ao ano, no clima quente, baixa umidade do ar, alto teor de evaporação é uma ideia de JERICOS.

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