terça-feira, 28 de maio de 2019

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Xiquexique no cerrado; ao longo destas postagens temos mostrado que o xiquexique é planta (cacto) de caatinga, que é semiárido por que não tem solo de sedimentação - o que se ver na caatinga é o subsolo coberto de pedras miúdas, seixos, irregulares, cortantes (arestas); que só existe caatinga (250.000km²) no sertão NE; não existe caatinga no agreste, zona da mata, nordeste amazônico; o xiquexique da fotografia está no cerrado do agreste RN (mas no sertão também tem solo e vegetação de cerrado); o xiquexique não nasce onde a espessura do solo é maior que 30 centímetros; o solo do cerrado pode chegar a 1m de espessura, mas no cerrado também existem lajedos emergentes; o xiquexique da fotografia nasceu (pelo aspecto e porte) há menos de 10 anos depois que essa área de cerrado, ligeiramente ondulada, foi exaustivamente explorada com roçados de algodão, milho, feijão, e todos os anos o arado da capinadeira tirava a cobertura vegetal rasteira, gramíneas (limpar), e arrancava o solo que era levado pelas enxurradas; ano, após ano o solo ia desaparecendo, afinando, até que finalmente as pedras (seixos)do subsolo e o lajedo da rocha matriz afloraram na  superfície; o xiquexique da fotografia é, portanto, uma planta nova nesta área, que surgiu depois que o Homem alterou o ambiente, particularmente eliminando o solo do cerrado. Apesar de ser uma planta que tem uma finalidade diante do contexto da vida, sua presença no cerrado, antes fértil, de grande espessura reflete um retrocesso, e retrata fielmente uma agressão ambiental.
Um problema ambiental cruciante que poderia ser convertido em solução; o que se ver na fotografia são matas de algaroba, uma planta importada dos desertos da América do Sul para o semiárido NE (nos idos de 1.950) que deveria ser usada como ração do gado durante o verão; Já explicamos em outras postagens que a árvore algaroba está mais adaptada ás condições ambientais e de solo do NE do que na sua pátria; as algarobas foram trazidas e plantadas no semiárido  para que suas vargens servissem de alimento para todos os gados - bovino, caprino, ovino, aves, suínos, equinos, muares, mulos; a algaroba no NE é mais nociva do que benéfica, mas sua nocividade está se agravando quando ao atingir  ao clímax impede o desenvolvimento de qualquer outra planta, e deixa de produzir vagens, que seria o alimento do gado; a algaroba está sempre verde, enfolhada; suas folhas, tão nutritivas quando as vargens, são miúdas e são liberadas, por caducidade, no chão, quando já estão amareladas, sem "sustança", e sendo  tão miúdas se enterram no chão, onde o gado não pode comer; a algaroba é uma leguminosa (tem os grãos legumes condicionados no elemento "vagem"); as algarobas são as únicas árvores que conseguem viver nas várzeas salinizadas do agreste e sertão; 20% do sertão e agreste são várzeas; a massa orgânica da mata de algarobas da fotografia pode  chegar a 0,4m³/m², a maior no semiárido NE semiárido de 890.000km²; apesar de toda tecnologia agrícola que o Brasil alega dominar, não se deu conta, ainda, de que as folhas da algaroba são o único alimento abundante disponibilizado o tempo todo no semiárido; basta o Homem empregar mecanismos de coleta das folhas(sem danificar os galhos); a capacidade e adaptabilidade da algaroba permite-se refazer da perda de folhas em curto período de 15 dias no verão e  de  8 dias durante os período das chuvas; Por ser uma leguminosa a algaroba usufrui dos benefícios das bactérias nitrificadoras (rhizobium); é uma árvore de grande porte, com muita massa orgânica viva, verde; não tem pragas nem doenças no NE; coletar as suas folhas in natura seria a salvação "da lavoura"; as folhas da algaroba poderiam deveriam ser armazenadas "silagem" no inverno, e melhor: suas folhas são adubo orgânico de primeira qualidade.
O tratamento que o pecuarista nordestino dar aos seus bichos é estarrecedor; na fotografia o jumento está com as 4 patas amarradas para limitar ao máximo seus deslocamento, o que seria instintivamente necessário já que no cercado (mais um obstáculo à sua existência), curral (cercado de arame farpado em estacas de madeira) não tem o que "comer"; a agressão é tão comum que as pessoas não se dão conta da estupidez, e consideram natural; algumas pessoas mais evoluídas chamam isso de judiação, outros atribuem a seca à vontade de Deus ( qual deles ?), mas na realidade é um crime.

Um comentário:

  1. Somos, já, 70% de povo gado, parte drogado, outra parte envenenado, violento um bocado com o semelhante, com a Natureza, com Deus.

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