Capital deve iniciar racionamento de água em fevereiro
Até dezembro, governo estuda a situação, faz simulações de cenários e aguarda prognóstico da Funceme para 2017
01:00 · 18.11.2016 por Lêda Gonçalves - Repórter
Uma coisa é certa: o governo do Estado não conta mais com as águas da transposição do Rio São Francisco no próximo ano. Aliado a isso, se a população de Fortaleza não conseguir atingir os 20% de economia no consumo, previstos na tarifa de contingência, e a quadra chuvosa de 2017 - que terá seu prognóstico anunciado oficialmente em janeiro pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) - não for, pelo menos, dentro da média histórica, Fortaleza começa já a partir do mês de fevereiro a enfrentar racionamento.
A informação é do titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira. Segundo ele, "só um milagre" fará o governo federal resolver as pendências jurídicas com as licitações voltadas a repassarem os recursos necessários para a finalização das obras do Velho Chico. "Já não estamos mais fazendo as contas com isso", assegura o gestor estadual.
Portanto, reafirma, o Ceará vai continuar a depender somente das chuvas para conseguir recarga para seus açudes e outros mananciais. "Todo o abastecimento humano, animal e para a agricultura estão submetidos a essas condições", analisa, acrescentando que o racionamento será uma das medidas mais drásticas a serem decretadas pelo governo estadual se a crise hídrica persistir. "Mesmo se tivermos uma quadra chuvosa boa, só conseguiremos atingir 50% de toda a recarga e continuaremos, mesmo assim, a permanecer em um estado de alerta, com possibilidade de aumento da tarifa, inclusive", adianta o secretário.
Claro, assegura, que vai depender do que virá. Incluindo aí, se a população vai conseguir reduzir em 20% o consumo de água, previsto na tarifa de contingencia. Os dados de outubro só serão divulgados em dezembro, revela o gestor. "Teremos também o prognóstico da Funceme para a quadra chuvosa. Estamos avaliando vários panoramas e indicadores, e não tenha dúvida, se a conjuntura for desfavorável, Fortaleza e Região Metropolitana terão racionamento sim, mas, antes disso, não adianta tomar essa decisão e fazer as pessoas passarem por isso sem analisar tudo", admitiu o secretário Recursos Hídricos do Estado.
Balanço
Teixeira faz um balanço positivo das ações realizadas e disse que, entre 2014 e outubro deste ano, o Estado conseguiu reduzir em 13% a água bruta fornecida pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para a Cagece. "Fortaleza saiu de 9,3 metros de água por segundo para 8,1 metros por segundo nas estações de tratamento, e isso significa um avanço. Sem falar da parte industrial e na Siderúrgica do Pecém, que reduziu de 500 litros por segundo para 250 L/s, e a termelétrica, de 650L/s para 400", informa.
Por enquanto, frisa, mesmo com toda as ações visando à redução do consumo, a situação hídrica no Ceará não é favorável para ninguém, seja nos municípios do Interior ou na Capital. Nossas reservas nos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão Hídrica (Cogerh) estão com 7.6%. Até agora não há prognóstico de uma quadra chuvosa dentro ou acima da média e nem se haverá a influência do La Niña. Por isso, alerta o gestor estadual, economizar água deve ser a prioridade número um da população do Ceará. O momento é de mudança de atitude e de consciência.
Ele coloca o cidadão comum como protagonista nessa história. E tem razão. Segundo dados da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), as fraudes são responsáveis por 48,5% das perdas de água. Além de ser considerada crime de furto, sob pena de reclusão, a fraude pode comprometer o abastecimento e a qualidade da água de uma área inteira, provocando vazamentos, perda de pressão na rede e desabastecimentos.
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