segunda-feira, 29 de maio de 2017

Não é excesso de chuvas, mas excesso de lixo

Estrago das chuvas seria menor com barragens construídas

Após enchentes de 2010, cinco barragens foram prometidas para proteger região, mas apenas uma teve poder efetivo contra as águas do fim de semana
Publicado em 29/05/2017, às 03h19
Drama da população da Mata Sul se repete sete anos depois. Sem funcionamento de Serro Azul tragédia seria maior / Foto: Sérgio Bernardo/ JC Imagem
Drama da população da Mata Sul se repete sete anos depois. Sem funcionamento de Serro Azul tragédia seria maior
Foto: Sérgio Bernardo/ JC Imagem
LUIZA FREITAS
Sete anos se passaram desde a tragédia que assolou a Zona da Mata Sul de Pernambuco e a rigor nenhuma das cinco barragens prometidas para evitar novas enchentes foi oficialmente entregue. Com inauguração prevista para o próximo mês, mas praticamente pronta, Serro Azul, localizada em Palmares, foi a única que teve efeito para conter as águas. Enquanto isso, as barragens de Panelas, em Cupira; Gatos, em Lagoa dos Gatos; Guabiraba, em Barra de Guabiraba; e Igarapeba, em São Benedito do Sul, estão com as construções paradas, faltando mais de 50% para a conclusão das obras.
Segundo o secretário-executivo de Recursos Hídricos de Pernambuco, coronel Mário Cavalcanti, a cerimônia de inauguração de Serro Azul seria nos próximos 15 dias. “Estávamos realizando alguns testes e faltavam apenas os acabamentos, como pintura”, explica. “É preciso considerar que o Rio Una tem uma nascente muito elevada, de quase mil metros, então a água desce com muita violência. Sem Serro Azul, a situação teria sido pior”, reforça o coronel. A estrutura tem capacidade para represar 303 milhões de metros cúbicos, dos quais 48 milhões foram ocupados com as chuvas do fim de semana.
Para essa obra, o governo estadual desembolsou cerca de R$ 200 milhões. Outros R$ 300 milhões foram repasses da União. E é justamente a liberação de recursos federais a justificativa para a paralisação das outras quatro obras (confira arte abaixo). “Fizemos esse pleito (liberação de recursos para barragens) ao ministro Helder Barbalho (Integração Nacional) e vamos reforçá-lo na visita do presidente Temer a Pernambuco”, disse o secretário de Planejamento, Márcio Stefanni.

 A previsão inicial de entrega para as cinco barragens ficava entre os anos de 2013 e 2014. Além da interrupção dos repasses da União (que ficaram ainda mais escassos com a crise econômica iniciada em 2014), uma série de falhas técnicas na elaboração dos projetos retardou o andamento das obras. É o caso da barragem de Gatos, que teve sua realização interrompida já em 2011. “A construção de uma barragem não é igual a de uma estrada, por exemplo. O projeto tem que ser muito detalhado e correto”, explica o secretário de Recursos Hídricos.

HABITAÇÃO

Até as 22h de ontem, o balanço oficial era de que 30 mil pessoas haviam ficado sem moradia (de forma permanente ou temporária), número que pode variar de acordo com a chegadas das equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil nas áreas mais afetadas.
Em 2010, 80 mil pessoas ficaram desabrigadas. Na época, a promessa dos governos estadual e federal (através do Ministério das Cidades) era de que 16.853 moradias seriam construídas para a população afetada, distribuída em conjuntos habitacionais. A Secretaria Estadual de Habitação afirmou que hoje irá informar quantas dessas unidades foram entregues.

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