sexta-feira, 27 de julho de 2018

Resistiu a seca e o fogo até o fim, enquanto deu.Depois, morte.





) Um elemento da flora/fauna da terra: a jurema.

A jurema, nome científico Pithecolobium tortum é uma leguminosa de espinhos que aparece nos terrenos de cerrado e caatinga. No solo do cerrado ela tinge 10 m de altura, mas na caatinga não existe solo e por isso a jurema, adulta, não passa de 3 m de altura.
Por ser leguminosa o sistema de reprodução, os grãos, vem condicionados no elemento “vagem”, que no Nordeste é popularmente chamado “vage” ou “bage.
A jurema se adapta muito bem ao semiárido já que seu principal alimento é o nitrogênio do ar atmosférico, que não falta. Com inverno ou sem inverno, na área, a jurema permanece enfolhada durante 10 meses por ano, liberando as folhas, por caducidade, em 8 dias, e recuperando-as em igual período.
As folhas da jurema é alimento preferido dos caprinos (bodes e cabras, mas não do gado bovino) do semiárido. A folha, em forma de palma polifurcada se compõe de dezenas de folíolos com 5x3 mm. A floração acontece antes ou durante a primeira chuva do ano (início da estação chuvosa do semiárido). A semente, por ser o sistema de reprodução, recebe o maior investimento de nutrientes colhidos, do chão e do Ar, pela jurema.
Nas matas nativas do cerrado, a exemplo do agreste NE, a jurema representa menos de 1% dos elementos vegetais a nível de árvores.
 Hoje, por causa da degradação ambiental do agreste, a jurema representa 90% da vegetação arbustiva e arvoredos.
Na caatinga diminuiu o número de indivíduos e o porte da jurema, porque era a principal “lenha” dessa área do sertão.
Além de não ter solo a caatinga recebe a menor oferta de chuvas do NE e por isso a jurema não consegue se recuperar da agressão do Homem.
No agreste há solo e a oferta de chuvas é melhor do que na caatinga e por isso a jurema toma conta do ambiente. Para alimentar o caprino, com jurema, é necessário cortá-la a um metro do chão, para que “brote” ramos e folhas suculentas ao alcance da boca do caprino.

 A jurema é alimento garantido no verão e na seca, mas há um inconveniente: os espinhos da jurema ferem a pele dos animais, o que é ruim para a comercialização do couro do caprino.
A jurema é uma lenha muito boa para queimar e fazer carvão. Isto tem sido a salvação dos assentados do INCRA no semiárido nordestino, mas com a redução do índice pluviométrico e com as secas freqüentes e prolongadas a jurema precisa de 4 a 6 anos para se recuperar do “corte de lenha”.
Por ser uma leguminosa com recursos para colher o nitrogênio do Ar Atmosférico (principal nutriente das plantas) a jurema beneficia, no seu ambiente, árvores, arbustos e relva que não gozam do benefício da nitrificação.
Se acabar a jurema no semiárido as outras plantas também desaparecem – desertificação em toda plenitude.
Devido o desmatamento incondicional dessa área – agreste e sertão NE, e sendo a jurema predominante, no futuro vão surgir pragas de insetos (em desequilíbrio)para usar o corpo da jurema no MENU, sugando sua seiva, e matando-a; é só uma questão de tempo, no mais tardar 20 anos
(Os) índios da Paraíba e do RGN faziam uma bebida alucinógena colocando a raiz da jurema “de molho” em água (infusão), usada nos rituais da tribo, em festas, mas há notícia de que os “pagés”, curandeiros, empregavam também, como anestésicos, em pequenas cirurgias. Ao queimar indiscriminadamente e jurema, o homem do semiárido coloca sua própria vida em xeque-mate.

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