) Um elemento da flora/fauna da terra: a
jurema.
A jurema, nome científico Pithecolobium tortum é uma
leguminosa de espinhos que aparece nos terrenos de cerrado e caatinga. No solo
do cerrado ela tinge 10 m de altura, mas na caatinga não existe solo e por isso
a jurema, adulta, não passa de 3 m de altura.
Por ser leguminosa o sistema de reprodução, os grãos,
vem condicionados no elemento “vagem”, que no Nordeste é popularmente chamado
“vage” ou “bage.
A jurema se adapta muito bem ao semiárido já que seu
principal alimento é o nitrogênio do ar atmosférico, que não falta. Com inverno
ou sem inverno, na área, a jurema permanece enfolhada durante 10 meses por ano,
liberando as folhas, por caducidade, em 8 dias, e recuperando-as em igual
período.
As folhas da jurema é alimento preferido dos caprinos
(bodes e cabras, mas não do gado bovino) do semiárido. A folha, em forma de
palma polifurcada se compõe de dezenas de folíolos com 5x3 mm. A floração
acontece antes ou durante a primeira chuva do ano (início da estação chuvosa do
semiárido). A semente, por ser o sistema de reprodução, recebe o maior
investimento de nutrientes colhidos, do chão e do Ar, pela jurema.
Nas matas nativas do cerrado, a exemplo do agreste NE,
a jurema representa menos de 1% dos elementos vegetais a nível de árvores.
Hoje, por causa
da degradação ambiental do agreste, a jurema representa 90% da vegetação
arbustiva e arvoredos.
Na caatinga diminuiu o número de indivíduos e o porte
da jurema, porque era a principal “lenha” dessa área do sertão.
Além de não ter solo a caatinga recebe a menor oferta
de chuvas do NE e por isso a jurema não consegue se recuperar da agressão do
Homem.
No agreste há solo e a oferta de chuvas é melhor do
que na caatinga e por isso a jurema toma conta do ambiente. Para alimentar o
caprino, com jurema, é necessário cortá-la a um metro do chão, para que “brote”
ramos e folhas suculentas ao alcance da boca do caprino.
A jurema é
alimento garantido no verão e na seca, mas há um inconveniente: os espinhos da
jurema ferem a pele dos animais, o que é ruim para a comercialização do couro
do caprino.
A jurema é uma lenha muito boa para queimar e fazer
carvão. Isto tem sido a salvação dos assentados do INCRA no semiárido
nordestino, mas com a redução do índice pluviométrico e com as secas freqüentes
e prolongadas a jurema precisa de 4 a 6 anos para se recuperar do “corte de
lenha”.
Por ser uma leguminosa com recursos para colher o
nitrogênio do Ar Atmosférico (principal nutriente das plantas) a jurema
beneficia, no seu ambiente, árvores, arbustos e relva que não gozam do
benefício da nitrificação.
Se acabar a jurema no semiárido as outras plantas
também desaparecem – desertificação em toda plenitude.
Devido o desmatamento incondicional dessa área –
agreste e sertão NE, e sendo a jurema predominante, no futuro vão surgir pragas
de insetos (em desequilíbrio)para usar o corpo da jurema no MENU, sugando sua
seiva, e matando-a; é só uma questão de tempo, no mais tardar 20 anos
(Os)
índios da Paraíba e do RGN faziam uma bebida alucinógena colocando a raiz da
jurema “de molho” em água (infusão), usada nos rituais da tribo, em festas, mas
há notícia de que os “pagés”, curandeiros, empregavam também, como anestésicos,
em pequenas cirurgias. Ao queimar indiscriminadamente e jurema, o homem do semiárido
coloca sua própria vida em xeque-mate.
A vida acaba onde a seca, do fogo criminoso, começa.
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