quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Sua Excelência - o Vegetal - tempo 4 e 5





Sua Excelência – a Planta – o Vegetal- tempo  4 e 5.

    4) o lenhador do semiárido nordestino, diferente dos lenhadores de outras partes da Terra.
O lenhador em outros países é uma opção profissional, mas no semiárido pode ser a única opção de sobrevivência, As árvores cortadas, predominantemente juremas, leguminosas, estão adaptadas às novas condições climáticas; é vegetação secundária; extrai-se a madeira para lenha para os fornos das padarias e das olarias, mas também para se fazer carvão.
A jurema cortada precisa de 5 a 10 anos para se recuperar dessa agressão. Com o desmatamento excessivo para se fazer o roçado (a roça de lavoura de subsistência), o lenhador está cortando galhos brotados de 4ª geração, com diâmetro inferior a 10cm.
O estado de degradação do ambiente, refletido particularmente no clima hostil, causado pelo desmatamento excessivo, é catastrófico – reduziu a flora, em espécie e número, em 70% e conseqüentemente eliminou-se a fauna.
Se o brasileiro fosse um povo ciente e consciente o desmatamento no semiárido já deveria ter sido suspenso há 10 anos.
O homem converteu a vida em dinheiro; assim acabou com a vida; não valeu a pena.
Nesse ritmo de destruição a vida no semiárido deve ser extinta até o ano 2.050. O corte da lenha é acelerar a morte da vegetação já agredida pelas novas condições climáticas; é imediatismo burro que não compensa monetariamente – o dia de serviço, de 8 horas, do lenhador e carvoeiro sai por 3 reais, insuficientes para a alimentação e, nem só de pão vive o Homem.

5)Em qualquer lugar da Terra(exceto, nos Oceanos) a fauna é, em número, porte e variedade de espécies proporcional ao nível de cobertura vegetal, porque o Reino Vegetal é produtor de alimentos; por outro lado o porte, variedade e número de vegetais, em determinada área, depende do equilíbrio das variáveis atmosféricas dos 4 elementos da Natureza – Energia luminosa e calorífica do Sol, Ar Atmosférico(21% de oxigênio, 78% de nitrogênio+) solo orgânico mineral e água no estado líquido(doce nas terras emersas e salgada nos Oceanos).
O semiárido natural do Nordeste é apenas a caatinga, palavra indígena (não é científica) que significa área de vegetação arbustiva (até 3m de altura, quando adulta) dispersa, rala, clareiras com 2 a 8 quilômetros quadrados de área, ligeiramente ondulada, não tem solo(de sedimentação), coberta de lajedos e pedras miúdas, irregulares, cortantes, terreno impermeável à água e impenetrável pelas raízes(profundas) das árvores. As árvores da caatinga estão, apenas, nas margens dos riachos temporários, porque têm solo. Os arbustos da caatinga são (nomes populares) mufumbo, pereiro, marmeleiro, velame que não passam de 3m de altura.
O cacto predominante é o xiquexique; mandacaru e facheiro só nascem onde tem solo; a coroa-de-frade e a macambira nascem junto dos lajedos ou em solo raso.
As caatingas estão rodeadas de vegetação e solo de cerrado (hoje extintos, eliminados).
O sertão nordestino com 500.000km² é a área onde estão inseridas as caatingas, ocupando 50% dessa área. Sertão significa, literalmente, lugar longe do mar, afastado do litoral.
No restante do sertão nordestino estão 50.000km² de leito de rios (secos) e suas várzeas; 70.000km² que fora ocupado pelos cerrados, 130.000km² ocupados pelas bases das modestas (e inúmeras) serras.
A flora e a fauna do sertão estavam adaptados às variáveis atmosféricas dos 4 elementos da Natureza, à oferta de chuvas, ao relevo, e à estiagem de 9 a 11 meses que acontecia por conta da ação de El Ñino, e deve se agravar com as agressões ambientais, locais.
A primeira estiagem prolongada foi de 1.877 a 1.879, quando 60% da vegetação nativa tinham sido eliminadas, a chuva diminuiu e mudou a frequência de estiagem. Em 1.990 a flora do sertão estava reduzida a 20% e a fauna reduzida a 6%.
A área que antes era cerrado foi totalmente devastada, sendo hoje ocupada por vegetação secundária de caatinga e, com o desmatamento a espessura do solo (desprotegido) foi reduzida ou o solo foi extraído pela erosão.

O índio caçava e pescava , diariamente, apenas o necessário para comer durante aquele dia; com a colonização do sertão o português explorador e seu escravo (africano) matavam os animais por diversão, armazenavam a carne dos animais caçados (com sal) e empregavam armas de fogo.
O efetivo indígena caçava também à noite no chamado facheio (com facho de luz) de aves e pássaros, ou nas “esperas”, sobre as árvores, para caçar grandes animais alvejados por flechas ou armas contundentes.
O pequeno efetivo indígena do sertão estava limitado pela oferta de alimentos – caças e peixes; os peixes estavam nas  pequenas lagoas que secavam durante o verão, mas no leito dos rios temporários existiam os poços(escavados pelas enchentes)que permaneciam com peixes, de um ano para outro.
Os rios que hoje são temporários permaneciam com  um filete de água corrente durante o verão; hoje no sertão existem rios que passam 3 a 4 anos sem receber água.
Existiam também, até o final do Século XVIII, os chamados brejos de altitude que alimentavam, com sua água, os rios do sertão.
Nas terras emersas da Terra a vida vegetal é milhares (é bom reforçar, repetir essa explicação, já que mesmo VERDADEIRA, é estranha na literatura mundial) de vezes maiores do que nos Oceanos que ocupam(com a água) 2/3 da Terra, de modo que grande parte do alimento dos animais dos Oceanos vai das terras emersas na água corrente dos rios.
Em consequência da degradação ambiental gerada com a eliminação da flora o clima do sertão nordestino sofreu, nos últimos 100 anos, uma mudança que Mãe-natureza não teria condições de fazê-lo em 10 mil anos.
O Homem brasileiro destruiu o ambiente, mas não sabe consertá-lo; só lhe resta a morte


Um comentário:

  1. 1) se desMATAR demasiadamente, seca rapidamente; 2) se secar demasiadamente, mata-se rapidamente; 3 e 4) o NE está secando, por culpa do OME, inclusive a zona da mara NE, o paraíso terrestre descrito por Pero Vaz de caminha; ainda há tempo para nos redimir, como Ser consciente, RACIONAL.

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